Memórias de Educação Infantil



MEU PERCURSO HISTÓRICO DURANTE O PROCESSO DA INFÂNCIA

 Pela primeira em minha vida escrevo um memorial, tornado para mim um grande desafio, meu nome é Juliane Vieira dos Santos tenho vinte quatro anos, e vou contar um pouco da minha história na infância e no processo da alfabetização.

 Nasci em 11/11/1994 na cidade de Guarulhos em São Paulo. Sou filha única morei desde o meu nascimento ate completar seis anos de idade, falta pouco para formar 18 anos que moro em Jequié – Bahia, tenho muita dificuldade para lembrar a minha infância e do processo de alfabetização, acredito que seja a forma da minha mente me proteger das lembranças que poderiam me trazer sofrimento e angustia.

 Quando eu nasci foi grande alegria para a minha família principalmente para o meu pai e minha mãe, mesmo não sendo fácil por morar em uma casa de barraco. Meu pai trabalhava e minha mãe pediu as contas para ficar comigo, o tempo foi passando e as coisas estavam melhorando aos poucos, eu era uma criança doce, amada, animada e alegre, carinhosa, boa, educada e cuidadosa. Minha rotina era ir para a igreja evangélica com a minha família, final de semana ir à casa dos meus parentes, eu era a menor e na verdade sou até, hoje, isso que dar em não crescer.
 Para Souza (2007, p.7), “criança é um sujeito social, investigado, observado e compreendido a partir de perspectivas e teóricas distintas”. Segundo a autora, a “criança e infância” não são apenas o pano de fundo das representações sociais, pelo contrário, são protagonistas das relações que estabelecem no dia a dia com pais, professores e outros sujeitos responsáveis pela condução da infância.
 Faria e Salles (2007, p. 44) corroboram com a concepção de Souza (2007) e afirmam que:
Considerar a criança como sujeito é levar em conta, nas relações que com ela estabelecemos, que tem desejos, ideias, opiniões, capacidades de decidir, de inventar, que se manifestam, desde cedo, nos seus movimentos, nas suas expressões, no seu olhar, nas suas vocalizações, na sua fala. É considerar, portanto, que essas relações não devem ser unilaterais – do adulto para a criança -, mas relações dialógicas- entre adultos e criança -, possibilitando a constituição da subjetividade da criança como também contribuindo na contínua constituição do adulto como sujeito.
 Naquela época era muito raro brincar fora de casa, por ser filha única piorava mais. Recordo-me que vinha uma vez ou outra na minha casa para brincar uma vizinha ela tinha cinco anos e eu três. Lembro que eu amava os finais de semana porque era o momento que, mais brincava com os meus primos e primas de pega-pega, cambalhotas e bicicleta.

 O inicio da minha vida educacional, começou com quatro anos de idade. Quando entrei no ambiente escolar (particular) pela primeira vez, segundo minha mãe, o espaço da sala era pequeno e tinha cadeiras adaptadas, um quadro grande, estantes com histórias diversas, em especial, em quadrinhos, além de um armário par colocar as mochilinhas e merendeiras dos alunos. Tinha momentos de brincadeiras, desenhos e o meu momento preferido, hora do lanchinho.   

 Quando completei cinco anos de idade mudei de escola nessa época era conhecida como creche (publica), onde inicie o conhecimento dos números, formas e letras da unidade menor para a maior, vogais e consoantes separadamente, e o som de cada uma. Para a minha família foi o melhor momento, a felicidade do meu pai e da minha mãe era nítido eu não parava de falar sobre, como era bom aprender e reconhecer lembro-me que eu amava assistir o filme do rei leão, a musica era boa demais, eu pegava o caderno e pedia para o meu pai parar o filme no vídeo cassete podendo assim copiar as palavras mesmo não sabendo qual era, e perguntava a minha mãe se estava certo ou não.

 Aos meus seis anos de idade minha mãe teve a segunda crise de depressão, meu pai fala que não estava suportando mais tudo que estava acontecendo e decidiu vim para a Jequié. Para mim foi uma mudança difícil, tudo que eu vivi de concepção e significado de família foi lá em São Paulo. Ele prometeu para mim e para a minha mãe que iria ser um pai e um marido melhor que também iríamos ser felizes, mais do que antes, mas não foi bem assim que aconteceu.

 A minha primeira série foi bem turbulenta, tudo influenciou para total falta de aprendizado. Em especial, a separação entre meu pai e minha mãe, pois ele nos trocou por outra família no momento que mais estávamos precisando dele nas nossas vidas. Minha mãe estava na terceira crise de depressão e com um grau de desenvolvimento para bipolaridade, com isto passamos por muitas coisas complicadas. Influenciou em tudo e eu não gosto de lembrar.

 Esses momentos ruins e de dor me levaram a esquecer tudo que eu tinha aprendido, praticamente como se fosse tudo apagado. A falta do meu pai era tanta, o alimento que não tinha me deixa com sono na aula, dessa forma as letras e escrita de palavras não fazia mais sentido. Eu chorava constantemente era a menor da sala e acho que, por esse motivo, os meus colegas me batiam tanto. Não era uma criança levada, muito quieta por sinal. Um dia com ajuda primeiramente de Deus e das pessoas que nus amava minha mãe se recuperou e deu a volta por cima, voltou a ser a mulher guerreira e corajosa e amorosa de sempre, começou a trabalhar para da do bom e do melhor para me incentivando a estudar.
 Segundo Craiy (apud ALMEIDA, et al, 2010, p.52)
A Constituição Brasileira de 1988 inaugurou uma nova fase doutrinária em relação à criança e ao adolescente. Foi a primeira constituição brasileira que considerou explicitamente a criança como sujeito de direitos e também foi a primeira constituição brasileira que falou em creches e pré-escolas. Estas instituições aparecem como direito dos trabalhadores homens e mulheres, urbanos e rurais, que têm “direito à assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas”.
 Acredito que a partir desse nova fase minha vida começou novamente, minha infância inicia, comecei a ter amigas e amigos. Mudei de escola com os meus oito anos de idade e assim vieram as novas descobertas, conhecimentos, aprendizados e brincadeiras. Gosto de lembrar e eu sempre falo com algumas amigas dessa época que tivemos infância de verdade não como vermos hoje em dia.

 Brincávamos, conversávamos e algumas vezes brigávamos, mas fomos felizes, pega-pega, pique gelo, esconde-esconde, rodas, sete caco, baleado, taco. Aos meus dez anos existiam um projeto que se chamava segundo tempo conhecido como fome zero, estudava pela manhã e no período da tarde era dividido os dias da semana por reforço escolar e esporte. Eu amava os esportes e principalmente a merenda, pois era difícil ter em casa, lá aprendi handebol, vôlei, basquete e futsal que virou uma paixão e não é que eu tinha talento. Foi lá que fui a um clube pela primeira vez, e foi incrível! Mas, tive que usar espaguete de piscina, claro eu era a menor.

 O tempo foi passando e completei meus doze anos de idade.

 Tive altos e baixos aprendi a dar mais valor a minha mãe, sabe meu pai era tudo para mim antes dele estragar e acabar com essa relação que pensei que fosse única tudo que eu queria era o amor, mas só recebi desprezo e nada mais. Vou deixar esse assunto de lado tenho ainda muito ressentimento por tudo que aconteceu. Isso doeu de tal maneira que parece que nunca vai passar.  

Comentários

  1. Traga mais discussões dos pressupostos da educação infantil nas suas memórias.

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  2. Adorei ler um pouco da sua história, Juliane. Você trouxe detalhes na sua narrativa que fez com que eu imaginasse como aconteceu de fato as coisas citadas no decorrer do texto. Apesar dos momentos ruins, a sua narrativa fez com que passasse um filme na minha cabeça. As brincadeiras citadas é exatamente as que marcaram a minha infância. Parabéns por ter conseguido seguir a sua vida com foco e determinação. Ótima narrativa!

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